Para falarmos de saúde integrativa, convido você leitor a imaginar o seguinte cenário: Você é um(a) jardineiro(a) bastante zeloso(a) e um dia caminhando pelo jardim encontra uma árvore que está secando, com as folhas caindo aos montes e com sinais claros de estar doente. O que você faria nessa situação?
Será que você tentaria tirar todas as folhas murchas e de má aparência, deixando somente as folhas ainda verdes, na esperança de que isso faria a árvore melhorar?
Ou como um(a) jardineiro(a) experiente você cuidaria das raízes da árvore, garantiria que ela tivesse água e luz suficientes, checaria as condições do solo, de temperatura... ?
A primeira opção pode parecer bem sucedida em um primeiro momento. A árvore volta a ter uma aparência verde e saudável. Mas a longo prazo as folhas continuam caindo, e em determinado momento não é possível mais negar que a árvore está adoecida.
Com nossos problemas muitas vezes nos deparamos um cenário semelhante. Buscamos soluções imediatas, tentamos eliminar os sintomas, ou buscamos apenas mascarar a aparência deles. Mas não estamos cuidando de fato do nosso corpo, mente e comunidade.
Por outro lado, quando cuidamos da árvore como um todo, ela cresce resistente às pragas e capaz de vencê-las. Para além disso, ela ganha forças para poder dar lindos frutos. Da mesma maneira age uma abordagem em saúde integrativa e é por isso que ela busca resultados que são de longo prazo, considerando que a saúde vai além da ausência de doenças e que ela é composta de aspectos físicos, mentais, sociais, ambientais, culturais e espirituais (segundo a espiritualidade de cada um).
É por isso que é tão importante olhar para qualquer sintoma de natureza física ou mental com zelo, entendendo a mensagem que ele pode trazer de algo sobre nós que precisa de atenção ou cuidado. Atualmente, nossa cultura é imediatista e em grande parte recomenda a prescrição indiscriminada de medicamentos como tratamento em saúde. Entretanto, muitas vezes eles são meros paliativos para os sintomas e além disso geram inúmeros efeitos colaterais.
Ao mesmo tempo, a ciência contextual avança cada vez para entender como um todo a interação de inúmeras variáveis e contextos que causam determinados sofrimentos e a epigenética está aí para nos mostrar que nem mesmo os genes dão a palavra final sobre saúde ou doença. Os estudos também avançam cada vez mais na compreensão da interação entre sintomas físicos e psicológicos. A relação entre o estresse psicológico e sistema imunológico ou inflamatório do corpo é um exemplo clássico de psicossomática. Dado esse panorama, o modelo de saúde fragmentado que vemos hoje está fadado ao fracasso. Devemos buscar cada vez mais uma abordagem integral, focada não só em tratamento, mas em cultivar o solo para a promoção de saúde e prevenção de enfermidades. E, para além disso, dar as condições necessárias para colhermos os lindos frutos do aprimoramento e desenvolvimento humano e social.
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